Há razões para amar, Palestrinos.
E ninguém gosta mais de racionalizar os sentimentos do que nós, os irracionais seres humanos. Preocupados em convencer a todos (e a nós mesmos) de que o que sentimos tem fundamento, passamos incontáveis horas enumerando os motivos de amar.
Amar o Palmeiras, no entanto, é inexplicável.
Eu mesmo poderia escrever aqui uma centena de motivos pelo qual amo a centenária Sociedade Esportiva Palmeiras. É o time do meu pai, do meu irmão e do meu falecido Tio Chico (que, mais velho, foi quem deu início a essa loucura toda na família); é o time que cresci vendo ganhar de tudo e de todos; é o ponto que unia meu pai e meu irmão por pelo menos quatro horas todos os finais de semana (e ainda nos une por horas e horas pela distância do telefone, graças a San Gennaro)…
Motivos, de fato, não faltam.
Mas quem, em sã consciência, explica o amor?
Um sentimento tão forte que eu não sei ilustrar se gosto de futebol por causa do Palmeiras ou se é o inverso. Uma força tão grande que eu não sei se minha cor favorita seria o verde se não fosse pelo Verdão. Algo tão incrível que me faz pensar se os domingos e quartas fariam algum sentido não fosse pelos jogos sempre decisivos.
Meu maior ídolo na vida – podendo ser um cantor, ator ou inventor – é um goleiro. As maiores história que já ouvi são sobre duas Academias. Meu lugar predileto neste mundo é a arquibancada. E meu mantra de paz e energia começa com “Quando surge o alviverde imponente”.
Da mesma forma, minhas maiores decepções vêm do meu maior amor. Quantos gols no último minuto, quantas bolas traidoras, quantos jogos oferecidos a outros que não a mim, quanta expectativa jogada fora depois de 90 e tantos minutos de terno otimismo?
Isso é futebol.
Ou melhor, isso é Palmeiras.
Que como todo bom amor, tem apelidos (Verdão, Verde, Verdugo, Porco, Palestra, Parma, Parmera). Que como todo grande amor, tem lembranças inesquecíveis (aquele Paulista de 93, os 102 gols de 96, a Copa do Brasil de 98, a Liberta de 99, o golaço do Sampaio em 94, o de Alex em 2002, o gol feio e decisivo do Betinho em 2012). Amor que traz até aquilo que não vi (a Arrancada Heroica, as Academias, a temida fila). Amor que, eterno como só ele, já me fez cruzar fronteiras físicas e emocionais para ganhar um afago em forma de gol.
E pensar que esse amor não é só meu não me deixa ciumento. Pelo contrário. O Palestra é o amor de milhões. Se 12, 15 ou 18, tanto faz. O Palmeiras é poliamor. Por amor. Pelo amor! Daqueles tão irresistíveis que, por medo de perder, a gente aceita como é. Eleva suas inúmeras qualidades e diminui seus incontáveis defeitos.
Afinal, não dizem por aí que o amor é cego?
E olha que meu amor tem me maltratado muito nos últimos anos. Admito de peito aberto e consciência pesada. Ele tem ignorado a minha presença, desprezado meu carinho, me dado mais cabelos brancos do que verde-esperança no coração. Tem abusado da minha paciência e, sem reticências, brincado com a minha emoção.
Só que eu amo. E como amo esse meu Palmeiras!
Fico cego, surdo, embora jamais mudo por ele.
Que é capaz de matar meu humor durante as melhores férias do mundo e de transformar uma segunda-feira modorrenta no dia mais esperado do ano. Que me faz guardar ingressos como quem guarda aquele papel de bombom do primeiro encontro. Que me faz pular na chuva como quem pular em um show. Que me faz ajoelhar no cimento, orar contra o sofrimento, dançar sozinho dentro do carro em movimento.
Ah, Palmeiras, como eu te amo.
Você é Divino. Santo. É Oberdan, Junqueira, Romeu, Dudu, Leão, Luís Pereira, César Maluco, Servílio, Heitor, Sampaio, Cléber, Rivaldo, Evair, Edmundo, é Tonhão e Galeano dando carrinho por todo canto! É classe A mesmo com time B, é vencer mesmo com Mustafá.
Você é Palestra Itália. Parque Antarctica. Os Jardins Suspensos da Água Branca, o Allianz Parque, nostra Arena, a Arena Santa. Você sempre será minha casa, ainda que mudem sua fachada, estrutura, design, desenhos e planta. O bom filho a casa torna e retornaremos em breve para suas entranhas.
Você é amor.
Centenário. Milenar. Interplanetário.
100 anos de história. De lutas e de glórias.
Te amo, meu Verdão!
Siamo Palestra!
ROJAS.
Ricão, li em voz alta pra Lulu e não agüentei…me emocionei. É realmente muito amor! E tenha certeza que sua sobrinha, do jeito dela, já sente e entende bem isso… Parabéns pelo texto…conseguiucolocarvem palavras esta mistura de emoções! Bojos, Gui e Lulu
Ah, que demais ter a resposta do meu irmão e da sobrinha mais linda do mundo no mesmo post! Que incrível, mesmo.
O centenário acaba de ficar melhor, bem melhor.
Amo vocês, bjo!