Conta a medicina que, mesmo com morte cerebral constatada, é bastante comum que um paciente ainda tenha espasmos e reflexos musculares. Pois foi exatamente isso o que aconteceu com o Palmeiras por duas vezes na noite de ontem.
Na primeira, logo aos 10 minutos de jogo, o paciente – seriamente avariado pelo resultado do jogo de ida – pulou da cama ao ver Bruno Henrique balançar as redes após bela jogada pela direita. No entanto, a aparente melhora veio seguida não somente de uma anulação pelo VAR, mas também por um gol de Ábila, nos devolvendo ao estado de morimbundos.
Já na segunda oportunidade, lá pelos vinte e poucos da segunda etapa, quando algum tio já conversava sobre onde seria o velório, o espasmo veio forte. Apesar do um a zero contra, fizemos dois gols seguidos e tivemos a bola do terceiro nos pés de Diogo Barbosa que, assustado, desperdiçou a chance. Veio o contra ataque, veio outro chutaço de Benedetto e aí sim alguém ligou para o padre fazer a extrema unção.
O futebol é extremo, tem dessas coisas. E, de repente, um jogo perdido nos deu gostinho de que ainda dava para respirar. Mas a verdade, palestrinos, é que morremos de falência múltipla de talento.
Por mais que alguém queira cornetar Weverton por ter tomado 4 gols em dois jogos. Por mais que Diogo Barbosa tenha falhado demais. Mesmo que Luan, Moisés, Bruno Henrique, Willian e Borja tenham ficado bem abaixo do que deles se espera. Muito embora seja Halloween, não é dá para fazer uma caça às bruxas.
Da mesma forma, as grandes atuações de Mayke, Gomez, Felipe Melo e Dudu não os credenciam como heróis da resistência. Foram bem, merecem aplausos, mas caíram junto com o grupo todo, como manda o futebol.
Sentimos a sequência de jogos física e mentalmente. Sentimos as oscilações de performance de alguns atletas. Sentimosa indecisão de Felipão em algumas escolhas. Como um corpo que vai vendo seus órgãos pararem um a um, partimos dessa para a melhor na Libertadores.
No Brasileiro, no entanto, seguimos vivos. Lembrem-se: o ano não acabou, o trabalho deve ser valorizado e vamos buscar o deca; ainda que seja em outra vida. Avanti!